Noites mal dormidas podem fazer seu cérebro envelhecer mais rápido, aponta estudo

  • 08/10/2025
(Foto: Reprodução)
Você dorme bem? Por que o sono pode ser aliado (ou vilão) do coração Passamos quase um terço da vida dormindo, e isso está longe de ser “tempo perdido”. Longe de ser uma pausa passiva, o sono é um processo ativo e essencial que ajuda a restaurar o corpo e a proteger o cérebro. Quando o sono é interrompido, o cérebro sente as consequências — às vezes de forma sutil, acumulando-se ao longo dos anos. Em um novo estudo, meus colegas e eu analisamos o comportamento do sono e dados detalhados de ressonância magnética cerebral de mais de 27 mil adultos do Reino Unido, entre 40 e 70 anos. Constatamos que pessoas com sono de má qualidade tinham cérebros que pareciam significativamente mais velhos do que o esperado para sua idade real. O que significa o cérebro “parecer mais velho”? Embora todos envelheçamos cronologicamente no mesmo ritmo, o relógio biológico de algumas pessoas pode andar mais rápido ou mais devagar. Novos avanços em neuroimagem e inteligência artificial permitem estimar a idade do cérebro com base em padrões nas ressonâncias, como perda de tecido, afinamento do córtex e danos aos vasos sanguíneos. Siga o canal do g1 Enem no WhatsApp No nosso estudo, a idade cerebral foi estimada usando mais de 1.000 marcadores de imagem obtidos nas ressonâncias. Primeiro, treinamos um modelo de aprendizado de máquina com os exames dos participantes mais saudáveis — pessoas sem grandes doenças, cujos cérebros deveriam se aproximar da idade cronológica. Depois que o modelo “aprendeu” como é o envelhecimento normal, aplicamos a toda a população do estudo. Ter uma idade cerebral maior do que a idade real pode sinalizar um desvio do envelhecimento saudável. Pesquisas anteriores associaram um cérebro com aparência mais envelhecida a declínio cognitivo mais rápido, maior risco de demência e até risco aumentado de morte precoce. Uso excessivo de telas pode atrasar o adormecer e prejudicar qualidade do sono Estevão Mamédio O sono é complexo, e nenhuma medida isolada dá conta de toda a história da saúde do sono de alguém. Por isso, nosso estudo se concentrou em cinco aspectos autorrelatados: cronotipo (se a pessoa é “matutina” ou “noturna”), número de horas típicas de sono (sete a oito horas são consideradas ideais), presença de insônia, ocorrência de ronco e sensação de sonolência excessiva durante o dia. Essas características podem interagir de forma sinérgica. Por exemplo, alguém com insônia frequente pode sentir mais sonolência diurna, e ter cronotipo tardio pode levar a menor duração do sono. Ao integrar as cinco características em um “escore de sono saudável”, obtivemos um retrato mais completo da saúde do sono. Como fazer a higiene do sono? Veja quais são os maiores inimigos de uma noite restauradora Pessoas com quatro ou cinco atributos saudáveis foram classificadas com perfil de sono “saudável”; com dois ou três, perfil “intermediário”; e com zero ou um, perfil “ruim”. Ao comparar a idade cerebral entre os perfis de sono, as diferenças foram nítidas. A lacuna entre a idade do cérebro e a cronológica aumentou em cerca de seis meses a cada ponto a menos no escore de sono saudável. Em média, quem tinha perfil de sono ruim apresentava cérebros quase um ano mais velhos do que o esperado para a idade; quem tinha perfil saudável não apresentou essa diferença. Também analisamos as cinco características isoladamente: cronotipo tardio e duração anormal do sono se destacaram como os maiores contribuintes para o envelhecimento cerebral acelerado. Um ano pode não parecer muito, mas para a saúde do cérebro isso importa. Pequenas acelerações no envelhecimento cerebral podem se somar ao longo do tempo, aumentando o risco de comprometimento cognitivo, demência e outras condições neurológicas. A boa notícia é que os hábitos de sono são modificáveis. Embora nem todos os problemas de sono sejam fáceis de resolver, estratégias simples — manter horários regulares; limitar cafeína, álcool e telas antes de dormir; e criar um ambiente escuro e silencioso — podem melhorar o sono e proteger a saúde do cérebro. Como exatamente a qualidade do sono afeta a saúde do cérebro? Uma explicação é a inflamação. Evidências crescentes indicam que distúrbios do sono elevam os níveis inflamatórios no organismo. A inflamação, por sua vez, pode prejudicar o cérebro de várias maneiras: danificando vasos sanguíneos, favorecendo o acúmulo de proteínas tóxicas e acelerando a morte de células cerebrais. Pudemos investigar o papel da inflamação graças a amostras de sangue coletadas no início do estudo. Essas amostras reúnem muitas informações sobre diferentes biomarcadores inflamatórios circulantes. Ao incluí-los na análise, verificamos que os níveis de inflamação explicavam cerca de 10% da ligação entre sono e envelhecimento cerebral. Outra explicação envolve o sistema glinfático — a rede de limpeza de resíduos do cérebro, mais ativa durante o sono. Quando o sono é insuficiente ou fragmentado, esse sistema pode não funcionar bem, permitindo o acúmulo de substâncias nocivas no cérebro. Mais uma possibilidade é que o sono ruim aumente o risco de outras condições que também prejudicam o cérebro, como diabetes tipo 2, obesidade e doenças cardiovasculares. Nosso estudo é um dos maiores e mais abrangentes do gênero, com uma população muito numerosa, uma medida multidimensional da saúde do sono e uma estimativa detalhada da idade cerebral baseada em milhares de características de imagem. Embora trabalhos anteriores já relacionassem sono ruim a declínio cognitivo e demência, mostramos adicionalmente que o sono ruim está ligado a um cérebro visivelmente mais envelhecido — e que a inflamação pode explicar parte dessa conexão. O envelhecimento cerebral não pode ser evitado, mas nosso comportamento e escolhas de estilo de vida moldam como ele ocorre. A mensagem é clara: para manter o cérebro saudável por mais tempo, é importante priorizar o sono. Técnica militar para dormir: método usado por soldados que promete sono em dois minutos

FONTE: https://g1.globo.com/saude/noticia/2025/10/08/noites-mal-dormidas-podem-fazer-seu-cerebro-envelhecer-mais-rapido-aponta-estudo.ghtml


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